O
pensamento volta-se agora para a Mãe da Misericórdia. A doçura do seu olhar nos
acompanhe neste Ano Santo para podermos todos nós redescobrir a alegria da
ternura de Deus. Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de
Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da Misericórdia
feita carne. A Mãe do Cristo Ressuscitado entrou no santuário da Misericórdia
divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor[Papa Francisco-
Bula Papal]
Olhar para Maria é o pedido que o Papa
Francisco faz em sua bula papal sobre o Ano Santo da Misericórdia. Não apenas
olhar como quem contempla um quadro ou uma peça de alegoria num museu. É aquele
olhar passado que sente a Misericórdia como um princípio de vida. Olhar como um
princípio de vida. Olhar como quem tem compaixão e que dilacera-se em dor
naquele que sofre. É o olhar que promove
o outro porque sente com ele a sua própria miséria.
Nesse
olhar transformador encontra-se a verdadeira misericórdia que suscita caminhos
que fortaleçam, purifiquem e engradeçam
o ser humano. A igreja caminha nesta direção e, por isso, promove as reflexões
próprias, diárias e envolventes com as suas comunidades sobre este dado mariano
do ano santo. O outro é o outro, princípio ativo da minha ação misericordiosa.
Sem ele, não posso estabelecer esse vínculo de perdão e de reencontro. Não quer
dizer que o perdão não deva ser concedido a mim mesmo nas minhas
autocomiserações. Há que atentar-se porque o vitimismo não é matéria de perdão.
Preciso, antes, me reerguer e sair desta zona de conforto que rouba o afeto das
pessoas. O perdão parte do princípio da liberdade interior e quem se faz de
vítima, ao contrário. Aprisiona os outros.
A
alusão que o papa faz ao momento em que Maria e João estão aos pés da Cruz é
extraordiná-ria. Ali experimentando a Misericórdia de Jesus para com a
humanidade, especificamente perdoando os que o maltratam, eles aprendem, mais
uma vez do Mestre. Perdoar, mesmo na dor ou no momento mais crucial de nossa
história pessoal. No momento mais difícil de nossa vida, somos convidados a
sair tão inteiramente de nós que o outro passa a ser a minha principal
preocupação.
Fazer memória da compaixão de Jesus presenciada
por Maria, talvez tenha sido a referência que o Papa Francisco tenha pensado
para nós pedir que rezássemos a oração tão terna e materna da Salve Rainha. Uma
oração regada de súplicas e intercessões feitas por nós àquela que trouxe em
seus braços o Menino Jesus. Uma atitude de humildade perante a grandiosa
experiências por ter convivido com Ele, desde o seio até sua Ressurreição.
É
importante essa recordação de Maria feita pelo Papa Francisco. Não há como
celebrar qualquer festividade na igreja sem nos recordar daquela que disse Sim,
desde o momento em que o Anjo lhe comunicou que ela seria a Mãe de Jesus. Por
isso, ela será sempre fiel e eterna intercessora da igreja e de todos os seus
filhos.
SALVE MARIA IMACULADA
Texto de Adelaide Fernandes
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